Fórum São Nuno - O Desprendimento em Mestre Eckhart
No que diz respeito a Mestre Eckhart, o desprendimento é a virtude suprema, a virtude que de fato compreende todas as outras virtudes – até mesmo a fé, o amor e a humildade.
Quando Eckhart está a falar de desprendimento, ele está a falar de ser verdadeiramente orante, para ele isto é ser desapegado. Num dos seus sermões, ele diz: «Toda a nossa perfeição, e toda a nossa bem-aventurança, dependem do nosso rompimento, ultrapassando toda criação, toda temporalidade e todo ser, e entrando no solo que é sem fundamento.» (Sermão 80). E este “romper” é o que ele quer dizer com “desprendimento”.
Eckhart certamente não era um eremita – ele era, ao contrário, um membro da Ordem dos Frades Pregadores, um dominicano. Ele era um homem que sabemos que estava constantemente em movimento, um homem que estava continuamente tendo que viajar (a pé, lembre-se), pregando e dando palestras, fazendo visitas a conventos, participando de reuniões, defendendo-se contra os seus críticos, relacionando-se com todos os tipos de pessoas. Mas o desprendimento não era, na sua opinião, algo alcançado pela ocupação – preenchendo a vida com todo tipo de atividades. Muito pelo contrário.
A única coisa que faz sentido em todos os seus ensinamentos, sobre como podemos entrar em união com Deus, é a sua compreensão de como Deus é. Ele diz nalgum lugar: «Se Deus é Deus, Ele é Deus pelo seu desprendimento imóvel, e desse desprendimento Ele tem a sua pureza, a sua simplicidade e a sua imutabilidade».
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